Des(conhecidos)




Hoje faz um mês. Aliás, hoje faz mais um mês. Mais um mês que a gente não se fala (praticamente) há um mês e, pelas minhas contas, já ficamos mais uns doze meses assim entre esses doze que a gente se (des)conhece. Pensando bem, a nossa relação pode ser perfeitamente comparada a uma experiência na montanha - russa, não acha? A gente se conheceu – esse é aquele momento em que ela começa a subir devagar, que tu sabes que pode acontecer alguma coisa, mas não exatamente o que, só sabe que o frio na barriga, a curiosidade e a vontade de rir são involuntários -. Depois a gente começa a conversar, e era como se as nossas almas tivessem se encontrado, como se elas estivessem se procurando há tempos até que um dia chegou o dia. E não tinha dia, ou noite, qualquer momento era o momento para descobrir uma coisa nova – esse é o momento em que o brinquedo começa a ficar legal, mas começa a dar medo também. É um tal de sobe e desce que tu não sabe se ri ou se fica fixado em segurar forte naquele colete de segurança com medo que ele abra a qualquer momento e tudo dê errado-. Posterior a isso, a gente parou de se falar por um tempo, como forma de “esquecer” um ao outro, pois não era o “nosso momento” – nessa hora a gente começa a girar naquelas quatro ou cinco voltas seguidas, que tu não sabe mais se está de cabeça pra baixo ou pra cima, da um embrulho no estômago, mas não da vontade de sair dali -. Depois de um tempo, a gente começa a se ver, e as coisas esquentam e ao mesmo tempo esfriam, como se toda a emoção tivesse passado – depois daquelas voltas loucas, a gente anda um tempo em linha reta e a impressão que dá é que a brincadeira acabou, mas no fundo tu sabes que a qualquer momento vai ter uma manobra louca, de novo -. Seguindo nessa ótica a gente se conheceu, se apaixonou, se distanciou, se aproximou e por fim, cá estamos nós:  apenas bons (des)conhecidos – chegou o momento que o brinquedo já passou por tantos altos e baixos que tu não aguenta mais. Finalmente ele chega à estação e cada um vai pro seu lado. Ninguém nega que se divertiu e nem que gostou muito, mas brincar só de montanha-russa cansa, não é? Existem tantos outros brinquedos no parque -. Agora cada um segue a sua vida e a gente se desentende, se desencontra, se (des)conhece, as luzes se apagam e cada um segue caminhos opostos e é aí que tudo chega ao fim.


Modificações de Josy Scalise

By: Este é meu espaço por Fernanda Dalke

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